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Descobrindo Saturno

Sobre o Livro

Elaborar este livro foi um caminho para compartilhar reflexões que, acredito, também habitam o pensamento de muitas outras pessoas. São ideias que começaram a tomar forma ainda no ano de 2001 e, desde então, têm se mostrado persistentes, acompanhando minha trajetória até os dias de hoje.

Embora as angústias humanas sejam subjetivas e se manifestem de maneira única em cada indivíduo, acredito que existem questões centrais que podem ser discutidas e enfrentadas a partir de experiências comuns. Meu objetivo com esta obra é estimular os leitores à reflexão e ao debate sobre temas importantes e urgentes, especialmente no que diz respeito à compreensão de si mesmo em um mundo saturado de estímulos.

Vivemos uma era de excessos: de informação, de comparação, de velocidade. E talvez seja justamente a fragilidade das nossas cognições, sobrecarregadas, desorientadas, muitas vezes adoecidas, que mais mereça nossa atenção. Refletir sobre o “eu” é necessário para que possamos estabelecer limites consistentes entre a vida interior e a realidade externa que nos cerca, molda e sustenta os pilares da coletividade.

Afinal, compreender a si mesmo é também compreender o mundo. E, quem sabe, tornar-se mais forte para enfrentá-lo com lucidez, equilíbrio e presença.

Prefácio

   

Navegar pela abstração do tempo, nos apresentar o micro e o macro, buscar pela consciência humana, enquanto nos apresenta um projeto maravilhoso cheio de vida e usando nada mais, nada menos que o planeta Saturno para integrar tudo isso. São essas e outras reflexões que você vai encontrar no belo texto “Descobrindo Satuno”, do grande amigo, empreendedor, professor e pensador contemporâneo Gildário Lima.

O livro não é um tratado técnico de astronomia, nem um manual de autoajuda disfarçado de ciência. Encontrei algo raro: um pensador que transita com a mesma desenvoltura entre equações diferenciais e metáforas existenciais, entre a precisão matemática e a imprecisão necessária da experiência humana. Lembrei-me, enquanto lia, de várias conversas que já tive com diferentes pessoas, quando discutíamos se a física quântica poderia explicar a consciência – debates que terminavam sempre com mais perguntas que respostas, e com a cabeça borbulhando de ideias.

Vivemos tempos estranhos. Enquanto nossa tecnologia avança em progressão geométrica, nossa capacidade de compreender a nós mesmos parece estagnada, quando não em retrocesso. Somos bombardeados por estímulos, notificações, prazos e métricas. Nossos cérebros, moldados por milhões de anos de evolução para sobreviver em savanas e florestas, agora navegam por um oceano digital para o qual não foram programados. E sofremos as consequências: ansiedade, depressão, vazio existencial – sintomas que Gildário, com precisão cirúrgica, identifica não como meras doenças, mas como sinais de desalinhamento orbital.

É aqui que a metáfora central do livro se revela genial. Saturno, com seus anéis concêntricos, sua posição intermediária no sistema solar, nem tão próximo do Sol a ponto de ser consumido por seu calor, nem tão distante a ponto de congelar na escuridão cósmica. Saturno, o antigo deus do tempo, dos ciclos, dos limites. Saturno, que na astrologia tradicional representa estrutura, responsabilidade e maturação.

Gildário não escolheu este planeta por acaso. Ele o transforma numa ponte entre o macrocosmo e o microcosmo, entre a vastidão do universo e os labirintos da consciência humana. Devo admitir que, ao ler o capítulo sobre "O Grande", fiquei com aquela sensação de quem encontra palavras para algo que sempre soube, mas nunca conseguiu articular.

O que mais me impressiona nesta obra – e aqui peço licença para uma digressão – é como o autor consegue entrelaçar disciplinas aparentemente distantes. Sua formação não o aprisiona no reducionismo científico; pelo contrário, oferece-lhe ferramentas conceituais para explorar questões existenciais com rigor e, ao mesmo tempo, sensibilidade. Quando ele discute a percepção do tempo, por exemplo, não se limita a citar Einstein e a relatividade; ele mergulha nas implicações subjetivas, na forma como nossa experiência temporal molda nossa identidade e nossas escolhas.

Lembro-me vividamente de uma passagem em que Gildário descreve o momento em que, observou Saturno pela primeira vez através de um telescópio. Aquele instante de silêncio contemplativo, aquela suspensão momentânea do ego diante da beleza cósmica, tornou-se para ele uma espécie de bússola existencial. E é isso que ele nos convida a redescobrir: a capacidade de contemplar, de silenciar, de encontrar nossa própria órbita em meio ao caos. E fica aqui uma dica a todos, observem Saturno através do telescópio pelo menos uma vez na sua vida.

Quando você observa Saturno através de um telescópio, você consegue contemplar as dimensões do universo, numa primeira olhada, o planeta parece ter sido pintado na lente do telescópio, mas logo o olho acostuma, e as estrelas ao fundo começam a aparecer, algumas das luas do gigante gasoso também surgem no campo de visão, e toda a cena montada, nos mostra a vastidão do universo em que vivemos, com uma bela sensação de profundidade.

Devo admitir que, ao ler essa parte do livro, fui transportado para minha própria infância no interior de Minas, quando acordava de madrugada para observar eclipses ou chuvas de meteoros, ver os planetas, ver o Cometa Halley. Talvez por isso me emocionei tanto com a forma como Gildário entrelaça o rigor científico com a maravilha quase infantil diante do cosmos.

Este não é um livro apenas para cientistas, embora eles certamente encontrarão aqui reflexões valiosas sobre os limites e possibilidades do conhecimento humano. Não é apenas para filósofos, embora as questões levantadas dialoguem com tradições milenares do pensamento ocidental e oriental. Não é apenas para pessoas em busca de sentido existencial, embora ofereça pistas preciosas para essa jornada. É um livro para qualquer pessoa que já tenha olhado para o céu noturno e sentido, simultaneamente, insignificância e pertencimento.

Confesso que, ao terminar a leitura, permaneci em silêncio por longos minutos. Não o silêncio vazio, mas aquele silêncio, grávido de significado, que surge quando algo em nós se reorganiza. Percebi que havia mudado sutilmente minha relação com o tempo, com meus próprios pensamentos e com a forma de observar o mundo ao meu redor.

E não é isso que esperamos de um grande livro? Que ele nos transforme, mesmo que imperceptivelmente? Que nos faça ver o mundo com outros olhos, mesmo que a mudança seja sutil como o movimento de um ponteiro de relógio?

Ao leitor que agora inicia esta jornada, sugiro que não tenha pressa. Que permita a cada capítulo ressoar, que faça pausas, que retorne a passagens que o tocaram. Como o próprio Gildário sugere, este livro pode ser lido linearmente ou em ordem livre, como reflexão ou como provocação. O importante é que seja vivido.

 Não posso deixar de mencionar o que talvez seja a materialização mais tangível da filosofia deste livro: o Projeto Saturn. Nas páginas finais, Gildário nos apresenta um telescópio educacional que desenvolveu, com 80% de suas peças impressas em 3D. Não se trata apenas de um instrumento óptico, mas de um convite à contemplação — um portal para aquele mesmo silêncio transformador que ele experimentou ao observar Saturno pela primeira vez. 

O que me comoveu nessa iniciativa foi perceber como o autor transformou sua experiência pessoal em algo concreto e acessível. A primeira versão do telescópio, batizada de "Saturn Janis", homenageia uma menina de apenas nove anos que descobriu treze asteroides. Há algo profundamente simbólico nessa escolha: uma criança que, ao olhar para o céu, encontrou o que ninguém havia visto antes. Não é essa, afinal, a essência do autoconhecimento que o livro propõe?

 O projeto busca embaixadores para difundir gratuitamente o telescópio entre estudantes do mundo todo. É como se Gildário nos dissesse: não basta filosofar sobre o cosmos; é preciso criar pontes concretas entre as pessoas e as estrelas. Entre o eu interior e o universo exterior. Entre a teoria e a prática contemplativa.

Agradeço ao autor por compartilhar não apenas seu conhecimento, mas sua própria busca. Em tempos de respostas fáceis e certezas frágeis, é reconfortante encontrar alguém que nos convida não para conclusões definitivas, mas para perguntas mais profundas – e nos oferece, literalmente, instrumentos para enxergá-las melhor.

Que este livro seja para você, como foi para mim, não um ponto de chegada, mas um ponto de partida. Afinal, como nos lembra a sabedoria antiga – e como Gildário nos faz recordar –, o verdadeiro conhecimento não está em encontrar respostas, mas em aprender a dançar com as perguntas. E, quem sabe, em olhar através de um telescópio e redescobrir Saturno – e a si mesmo.

Sérgio Sacani Sancevero

São Paulo, abril de 2025

 

 

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Parnaíba/Piauí/Brasil

  •   @gildariolima

  •   cientista@gildario.com

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